quinta-feira, 22 de abril de 2010

TEMPO E ESPAÇO NA DANÇA


A noção de espaço e tempo inicia-se muito cedo na criança, observa-se rudimentos dessas noções durante a embriogênese, em que conforme a criança se desenvolve, há a necessidade de ocupar espaço e de adaptar-se ao ritmo dos movimentos do organismo materno. Esse é o inicio de uma longa caminhada, que a partir do nascimento, é intensificada pelas relações que a criança irá estabelecer com o ambiente.
O tempo está presente em nossa existência desde a vida intra-uterina, durante a embriogênese o feto necessita organizar o seu ritmo biológico ao de sua mã, após o nascimento, gradativamente a criança vai se ajustando às condições temporais impostas pelo ambiente. Nossa realidade está repleta de ritmos e acontecimentos que se repetem periodicamente, como os intervalos da alimentação e do sono.
O tempo biológico, tal como o espaço, constrói-se pouco a pouco implicado na elaboração de um sistema de relações, sendo estas duas construções correlativas. Portanto, a construção do tempo é paralela à construção do espaço, do objeto e a causalidade, todas estas noções apresentando-se como um todo indissociável. As noções de tempo e de espaço estão ligadas às relações causais, participando o tempo da lógica de causa e efeito, em que o jogo do que ocorre “antes” e “depois” passa a funcionar como referencia para apoiar as relações causais.
Desde o início da existência, constrói-se, definitivamente um espaço sensório motor, ligado ao mesmo tempo, aos progressos da percepção e da motricidade, cujo desenvolvimento adquire uma grande extensão até o momento da aparição simultânea da linguagem e da representação figurada, isto é, da função simbólica. Nesta fase, do período sensório-motor, há a característica de um acentuado egocentrismo da criança e, à media que acontece uma liberação progressiva e gradual desse egocentrismo, a criança ai elaborando seu esquema espacial. Após somente após, vem o espaço representativo, cujos inícios coincidem com os da imagem e do pensamento intuito, contemporâneos da aparição da linguagem.
A principio a criança copia os movimentos de dança sem haver ainda uma interiorização de tais movimentos, pois até mesmo uma criança bem pequena sacode-se ao ouvir uma determinada musica. Somente após interiorizar os movimentos de dança, representando-os na ausência do modelo, é que a criança aos poucos vai decompondo este movimentos para então compreendê-los em sua totalidade. Sendo assim, para que haja precisão na execução de um movimento de acordo com um modelo ausente ou executado espontaneamente, faz-se necessário o apoio das operações.
Na dança, o corpo pode ser usado como um ponto referencia, não só para projetá-lo no espaço, como também situar-se a si e aos demais segundo um sistemas de coordenadas, partindo dos planos e eixos corporais para constituir o espaço na dança. Como para a criança o espaço que a rodeia tem seu centro em si mesma e necessário que ela tem conhecimento do seu próprio corpo para depois passar ao conhecimento do espaço total.
A dança pressupõe uma grande atividade motora sincronizada, sendo esta atividade tanto ais fácil quanto mais simples e regula forem as estruturas rítmicas. Quanto mais idade, melhor as crianças respondem à sincronização nas marchas e nas danças, entretanto em torno dos dez anos, a criança apresenta algumas dificuldades, pois o movimento perde um pouco da sua espontaneidade, ficando á criança mais atenta à melodia, percebendo melhor as durações e o ritmo complexo da música. Desta forma, a execução sincrônica dos movimentos torna-se mais complexa pela multiplicidade de fatores que devem ser considerados no momento desta execução.
Torna-se fundamental que educador observe o tempo natural de cada criança, possibilitando que a capacidade rítmica seja construída a parti e um tempo próprio, trazendo também as contribuições que a música proporciona para a compreensão do ritmo nos movimentos de dança.

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